Agora curso Direito na Uerj, vejo mais negros lá que no que meu antigo curso de História na federal, mas ainda somos minoria. Porém, o mais interessante é observar os quadros com fotos de formandos. Nos corredores da faculdade de Direto, podem ser observados quadros enormes com fotos de formandos do curso ao longo dos anos. Até a década de 50 é ausente a presença de mulheres e negros. Na década de 60 percebemos algumas mulheres e negros praticamente ausentes. Na década de 70 o número de mulheres aumenta e negros continua praticamente ausente. Década de 80 até 2008 mulheres quase em quantidade igual aos homens e meia dúzia ou menos de negros em cada quadro de formando. De 2008 em diante (primeiras turmas que se formaram após o sistema de cotas)o número de negros aumentou visivelmente, mas continuam sendo a minoria.
É agradável ver quadros mais coloridos, com pessoas de tez de pele de todo tipo se formando, pois afinal de contas, a universidade é pública, é sustentada por todos nós, e nada mais justo que todos tenham acesso. É uma aberração ver quadros com fotos de formandos de 10 anos atrás praticamente sem negros. As cotas são necessárias e incomodam, porque agora os excluídos socialmente podem concorrer a vagas no mercado tradicional, que confortavelmente eram ocupadas por membros da classe média branca em sua grande maioria. Os historicamente excluídos agora podem concorrer a vagas que influenciam a sociedade, que mexem com as estruturas, que têm o poder... e acredito q isso deve causar muito medo em quem sempre esteve lá sem ser importunado.
PS: É bom sempre lembrar, as cotas não são somente raciais, mas também sociais. Não basta apenas ser negro, tem que está dentro de um certo limite de renda para poder concorrer pelo sistema de cotas.