terça-feira, 15 de setembro de 2015

Resquícios da escravidão no Brasil.

                      Hoje, eu li uma matéria na RevistaTPM sobre a visão e espanto de estrangeiros e até mesmo brasileiros sobre esta relação de servidão/escravidão destinada, especialmente, aos trabalhadores domésticos.
                   O  texto da revista online faz a narração do desconforto, da vergonha sentida e de algumas reflexões que se deram por meio do filme brasileiro: "Que horas ela volta", estrelado por Regina Casé. A matéria começa com as seguintes indagações e a afirmação: ""Mas é verdade que no Brasil tem gente que não levanta para pegar um copo de água?" "É verdade que existe empregada que não pode sentar na mesa?" Infelizmente, digo para eles, é."
Isto me recordou certa cena em um passeio na cidade de Paty de Alferes - RJ, cidade que teve um passado rico e escravocrata voltado principalmente para a monocultura cafeeira. Pois bem, eu estava almoçando num restaurante simples, desses que são conhecidos com self-service e vi uma jovem mulher branca entrar e atrás dela, um pouco cabisbaixa, veio o que eu supus ser a babá/empregada negra com uma criança branca no colo. A jovem branca, provavelmente mãe da criança ficou conversando com o que me pareceu ser a dona do restaurante, enquanto a negra com a criança no colo começou a preparar uma quentinha, que depois de pronta e embalada, foi paga pela mulher branca. Sendo assim, a cena da moça branca, sendo seguida pela negra com o bebê no colo e agora também com uma sacola com a quentinha se repetiu, mas em direção à saída do restaurante. Aquilo me causou desconforto e revolta, que vieram acompanhada de angústia grande, impotência e vontade de chorar. Lembrei dos meus antepassados e das dores sofridas no cativeiro.
Eu presenciei uma cena que remete aos tempos de escravidão e as pessoas do local aparentemente convivem com este fato com uma naturalidade inquietante.